"A gente faz a melhor comida, organiza tudo da vida deles, e ficamos com o tempo que resta. É muito pouco. O tempo que resta nem é justo com a gente" – palavras de Cinthia Farinha, psicóloga e mãe da Malu, mas que ecoam em cada canto da vida de uma mãe que empreende.

 

A decisão quemudou tudo

 

Um mês antes de sua filha completar um ano, Cinthia fez o impensável: pediu demissão de um emprego aparentemente estável. Seis meses depois, a pandemia engoliu o mundo.

 

Não existe versão romantizada para esta história. Não há filtros de Instagram, nem legendas motivacionais pré-fabricadas que possam capturar o que significa estar naquele momento – uma mulher recém-desempregada por escolha, com uma filha pequena, encarando o epicentro de uma crise global.

 

— A maternidade me impulsionou. Eu estava com o pé na porta e ela veio e bateu o pé na minha bunda — confessa Cinthia, com a franqueza de quem descobriu que vulnerabilidade não é fraqueza, mas sim a matéria-prima do extraordinário.

 

O caos orquestrado

 

Quem veio primeiro: a psicóloga ou a mãe? A empreendedora ou a mulher que se pergunta, nas madrugadas silenciosas, se está fazendo o suficiente? O mundo não para porque sua filha está com febre. Os pacientes não deixam de precisar de você porque o calendário escolar tem um feriado inesperado. As palestras não são canceladas porque você passou a noite em claro com uma criança doente.

 

— Não tem nada mais caótico do que você tentar ser produtiva com o filho doente — diz Cinthia.

 

Ela cronometra febres enquanto responde e-mails. Prepara dois tipos diferentes de comida na hora do almoço enquanto reagenda pacientes. Coloca um desenho para a filha assistir durante uma reunião importante. E ainda assim, no fim do dia, olha para tudo o que fez e pensa: "eu não fiz nada".

 

Este é o monólogo interno que nenhuma campanha publicitária do Dia das Mães tem coragem de mostrar.

 

A herança pelo exemplo

 

— Mãe, eu quero ser igual você, vou ser bem famosa.

 

As palavras da pequena Maria Luiza revelam a herança que Cinthia está deixando – não apenas um negócio bem-sucedido, mas um modelo de mulher que se permite sonhar, falhar, levantar e recomeçar na frente dos olhos atentos de uma criança que absorve cada movimento.

 

Um dia, Cinthia fez crachás para a filha usar em seu evento. Em outro momento, a menina subiu no palco momentos antes da mãe apenas para sentir como era estar lá. Depois, em casa, montou seu próprio "escritório" com um laptop de brinquedo da Barbie ao lado da mãe que trabalhava.

 

— Eu me conecto com a Cinthia que é útil, que tem um papel na sociedade — ela explica, sobre o motivo pelo qual trabalhar é tão vital para sua identidade, mesmo nos dias em que a maternidade exige sacrifícios impossíveis.

 

Gestão de tempo é gestão de vida

 

Quando questionada sobre o que faz diferente de outras empreendedoras, Cinthia não hesita:

 

— Uma boa gestão do tempo. É uma gestão do tempo que te leve a ter uma vida, não só uma maternidade, com qualidade.

 

Ela construiu seu negócio para que o tempo venha a seu favor – para que sua filha possa acordar tranquilamente em casa, para que não precise deixá-la "num hotelzinho o dia inteiro".

 

— O tempo é meu — ela afirma, com a certeza de quem entendeu que as horas do dia não são apenas números em um relógio, mas escolhas que definem o tipo de mãe, profissional e mulher que ela deseja ser.

 

Os pratinhos que caem

 

— Uma hora você tem que entender que um pratinho vai cair. Vai quebrar e às vezes nem vai ser possível recuperar.

 

A sabedoria de Cinthia não vem de livros de autoajuda ou palestras motivacionais. Vem das vezes em que ela recusou convites importantes com o coração na mão. Das palestras canceladas dois dias antes porque a maternidade exigiu sua presença total. Dos momentos em que percebeu que seu desempenho profissional não foi tão brilhante porque estava dividida entre dois mundos.

 

É a sabedoria de quem entendeu que o acolhimento começa por si mesma.

 

A nova definição de sucesso

 

Quando os amiguinhos da escola de Maria Luiza visitaram a casa da família, um deles perguntou:

 

— O que você é, tia?

— Psicóloga — respondeu Cinthia.

— E famosa — completou a filha orgulhosa. — Minha mãe é famosa, sabia?

 

Para a pequena Maria Luiza, ser famosa significa ter credibilidade, ser respeitada, ser ouvida. É subir num palco e falar ao microfone. É criar algo seu. Talvez essa seja a definição mais pura de sucesso: ser a pessoa que seu filho admira não apesar das suas lutas, mas por causa delas.

 

Para todas nós que sobramos

 

Se você é uma mulher que está lendo isto enquanto responde e-mails com uma mão e embala um bebê com a outra – isto é para você. Se você é uma empreendedora que cancelou reuniões porque seu filho precisava mais de você hoje – isto é para você. Se você já se sentiu culpada por trabalhar demais ou por não trabalhar o suficiente – isto é para você.

 

E se você já olhou para tudo o que fez em um dia caótico e ainda assim pensou "não fiz nada" – saiba que Cinthia, assim como tantas outras mulheres extraordinárias, também esteve exatamente onde você está. E todas elas têm algo em comum: entenderam que "a gente ensina muito mais como eles devem se tratar no futuro olhando para como a gente se trata hoje".

 

Talvez seja hora de parar de ficar com o tempo que sobra. De deixar alguns pratinhos caírem em nome dos que realmente importam. De entender que a gestão do tempo é, na verdade, a gestão da vida que queremos viver. Seu legado não está apenas no que você constrói profissionalmente, mas no exemplo que você deixa para os pequenos olhos que observam cada um dos seus movimentos.

 

E isso, sem dúvida alguma, é o empreendimento mais importante que você jamais criará.

 

Mães empreendedoras: equilibristas de vidas

 

Este é o terceiro texto da série "Mães empreendedoras: equilibristas de vidas" da Intelivo. Afinal, acreditamos que proteger sua propriedade intelectual é também proteger a jornada extraordinária que você percorreu para criá-la. Para saber mais sobre como a Intelivo pode ajudar a blindar a sua marca, entre em contato com o nosso time.